Vincul@rte

domingo, 12 de maio de 2013

Ecoaecoa convida para jogar Dada Outra Poesia no FestiPoA Literária

Bora brincar com o Jogo Dada Outra Poesia no FestiPoA Literária, sempre no mezanino da Casa de Cultura Mário Quintana nos dias:

14/05 às 17:30h (oficina Dada Outra Poesia na Ponta da Língua),
15/05 às 14h (oficina Dada Outra Poesia não Linear) e
16/05 às 19h (oficina Dado Dada Outra Poesia).



terça-feira, 19 de outubro de 2010

835 garrafas ao mar

Em 1912, Vladimir Ivanovitch Murkov deixou o seu exílio em Paris. Não para voltar a Moscou, como desejava, mas para se exilar num lugar ainda mais distante. Usou todo o dinheiro que lhe restava para embarcar num navio rumo ao Pacífico Sul e garantir que o comandante não só o deixaria numa ilha deserta como também seguiria viagem sem anotar coordenadas ou qualquer indicação que permitisse encontrá-lo.

Levou consigo alguns mantimentos, velas, fósforos, tinta, papel e 835 garrafas vazias. E começou a escrever. Cada página (numerada) de seu último e definitivo romance foi inserida numa garrafa e lançada ao mar.
Muitas foram destruídas, especialmente durante os combates navais da Segunda Guerra Mundial. Até hoje foram recuperadas 322, nove delas trazidas às praias da Indonésia pelo maremoto de 2004. A garrafa-página número 1, com o título, nunca foi encontrada.
Aparentemente, o romance conta a história de Vladimir, um sonhador que tenta construir uma sociedade mais justa porém se vê sempre sozinho em seus esforços.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Manoel de Barros - Memória Inventada - A Infância

Sobre sucatas


Isto porque a gente foi criado em lugar onde não tinha brinquedo fabricado. Isto porque a gente havia que fabricar os nossos brinquedos: eram boizinhos de osso, bolas de meia, automóveis de lata. Também a gente fazia de conta que sapo é boi de cela e viajava de sapo. Outra era ouvir nas conchas as origens do mundo. Estranhei muito quando, mais tarde, precisei de morar na cidade. Na cidade, um dia, contei para minha mãe que vira na Praça um homem montado no cavalo de pedra a mostrar uma faca comprida para o alto. Minha mãe corrigiu que não era uma faca, era uma espada. E que o homem era um herói da nossa história. Claro que eu não tinha educação da cidade para saber que herói era um homem sentado num cavalo de pedra. Eles eram pessoas antigas da história que algum dia defenderam a Pátria. Para mim aqueles homens em cima da pedra eram sucata. Seriam sucata da história. Porque eu achava que uma vez no vento esses homens seriam como trastes, como qualquer pedaço de camisa nos ventos. O mundo era um pedaço complicado para o menino que viera da roça. Não vi nenhuma coisa mais bonita na cidade do que um passarinho. Vi que tudo que o homem fabrica vira sucata: bicicleta, avião, automóvel. Só o que não vira sucata é ave, árvore, rã, pedra. Até nave espacial vira sucata.
Agora eu penso uma garça branca de brejo ser mais linda que uma nave espacial. Peço desculpas por cometer essa verdade.


O apanhador de desperdícios

Uso as palavras para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras

fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo inseto mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as moscas.
Queria que a minha voz tivesse o formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Zé Augustho


“...ave marinha cheia de graxa

senhor é tão pouco

bendito entre lãs mujeres

sois vós o pão nosso em calmaria (...)

aqui na terra

e na poluição do mel

todos os foguetes do ódio

e a miséria roubada das merendas.”

Além

A poesia de Zé Augustho é um encontrão, uma pisada no pé, um esbarrão inesperado numa calçada de movimentos ondulatórios comportados e polidos. “Perdão, senhora, desculpe, senhor... não foi sem querer.”

foto de Waldomiro Alta

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Princípio Ativo

Quem dera fôssemos
Ainda como no Reino Vegetal
Cada qual
Com uma Propriedade Medicinal.

Por liss ao Caeiro








sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Chuva no jardim...................



........................................................Arte..

...............................................
de Viver como
..............................."estar nas..........................

.....................nuvens",............................................

.........quando se derrete em amor pela..........................

.Terra,................................................................................

..........beijando-a em.......................................................

.......................gotas
../...// //..///....///...
................................./ // . /..../......

............................/...//....///....

...........................//./..//....

..........................//..//....
..........
............/.../..
....Alissa Gott

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

DizPositivos

M`OLHAR

Cortes de capitanias
Claves de sólium
Com'plica em ori-games
Casamentando as culturas

2001 cartas ao vento
Que chegam de avião
Preparem-nos em tempo
À semi-total renunciação

Todo tempo tem mundo
E muda tudo que há
Só isso não muda
Vai ecoando a todo instante
Palavras de se pensar

Antenas descabeladas
Aladas a galgar
Por ondas poderosamente mudas
No sentido puro do olhar!

(Alissa Gottfried)


FOCA!

Mansão hidra
Encaracola rotas
Implodidas em povos
Mar-on submar(l)ine

Suba leia
Além do umbigo
Entubação pró-funda
Polvo(-)Rá das estrelas

Endereço não é adereço
De velas invertidas
Será sereia?
É..., sal com areia!

Mensão ao porão do mundo
Onde nada foca
Um pingo.
Pingü´in`

(Liss Go-fim)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Aliança Cósmica

Nosso casamento nasceu como uma árvore,
Bem no meio do jardim,
Essa árvore se tornou nossa casa alquímica,
Tantra kunda(on)line
Ganhamos os universos,
Eremitas que somos
Em nossas Harley-Davidson's
Um mundo que cresce-nos
Sanado de vida
É oferenda dos padrinhos
Na comunhão existencial
Que livre festeja
Artisticamente o Amor
Que somos Deus

(Alissa Gottfried)


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

INACABA-LA

A poesia existe.
Poderia não ter sido criada
É teletransporte da alma (Idéiasganha)
Em difundir-nos
Até mesmo om palavras desconexas
Canalisadas num canto vívido
Com cores imantadas.

Não force a vista
As estrelas estão nas entrelinhas
E Vendo formas em partes:
Com momentos inconcretos
Numa relação sem fim
De finalidades rebanhadas
Pela instância
De constantes inconstâncias.
~ Paradigmas inacabados!

(Alissa Gott)

Economia >< Solidária

Linking Softwiki
... ...
Pós-valência contemporânea
lanço o nous pro alto
como fogos de artifícius

Nos reflexos desprogramados
fluentes da internet cósmica
ware incompatível a proprietários

Bem vivi embora ainda viva
nos teus globos espelhados
discow-tecla virtual

O plug alquímico
é oferenda aos padrinhos
que pensaram a gente juntos...

Eco sólid commons
livre e aberto
tá tudo na combi chocolate com morango.

Liss for artfree

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Entenda-se Arte!*

O que é esquecer?
Esqueci.
Por amor não me lembrem!
Em vistas faces novas
Novas faces velhas diferentes
Faces contempladas por uma face não vista.


Até que ponto se retêm?
Até o ponto que se mantém
Fluindo direto ao ponto.
Mostre seu enigma
Vamos pensar à pé.
Façamo-nos em pensamento
Ao máximo relativo


Dança interfeita,
Interpelada,
Em momento convivido
Por imagens refletidas
Indeterminando as filmagens
que somam os resultados das informações energéticas.


Difusão de criatitudes
No meio que é meio rígido
O paradoxo é sinal de crossing-over,
Razão progressiva e espiralada.
. . . " .
. . . .
. . .
Mas, já que és tu
freqüência ativa em manifestações
Aparelhos festivos que somos
Festejemo-nos!



*Este poema introduz a conceituação de mais uma modalidade no universo artístico, as "Artes Autocriadas": mídia que possibilita a interação de todas as artes: visuais, literárias, filosóficas, sociais, comportamentais, tecnológicas, cênicas, urbanas, virtuais, ideais, musicais, espirituais, econômicas, cósmicas, culturais, científicas, ecológicas, subliminares, alquímicas, ´alfísicas`, ´alpsíquicas`, atemporais, humorísticas, logísticas, diplomáticas...

(Alissa Gottfried)
05/09/06

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Compartilhando Sonhos

Acordar-se por dentro


Coragem Irmandade


Já houve a vez
Em que acordei dormindo.
Da Janela em minha Casa
Vi a noite crepitando.
No Céu toda Estrela se movia
Expirando em espiral
Desorbitando ou
Surgindo em explosões.
Enquanto outras crescem em rituais de morte...

Na Terra a rua invade as Casas!
Não há mais dentro e fora.
Todo lugar é o mesmo.
Toda gente desolada.
Uns corriam nus
Outros comiam cajus e subiam em árvores
Tinha os suicídios coletivos
E as Cirandas...

[Era o encontro de si
Consigo mesmo]
Gerando situações inusitadas...

E quanto a mim,
Que passa? ping>
Me encontro deitada na grama
Contemplando com meus amigos
O nascimento das Estrelas
Super Novas!


.:Alissa Gottfried:.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Presente



A Presença está na atenção
E nisto há o que é
Dentro e fora um elo em combustão
Cripita polidimensionalmente
Em fogos de artifícios

Até bem além, talvez
De cores e formas e sons e...
...ventos...
Um balaio de fios
Ligado a nós

Antes tudo que nada
Não temos essa escolha [entre] agora
Nous somado a um mar de Eus
Quem menos quiser
Que possa mais...e ainda melhor
(Deixar salvo Numa memória)

Viemos todos de encontro
Em um planeta de uma galáxia desse universo alfísico-químico
Um por um
Especialíssimos por mais imperfeitos que sejamos
Com a magnificência pura em cada gesto singelo

Em Liss à ti

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Abre Parentêses

No mundo de todas as possibilidades
Escolhas partem no tempo
Cora coração,
Sugere pensamento.
Você é a bola da vez
Num jogo de reflexos.
Somos todos (e-)feitos
Uns para os outros.

(Alissa Gottfried)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Poema Sonoro

Curitibit


malte plus orbitante magno
blutua lira pálida
clustimbó memocliss
cartumix fun lance

zine canaleta tui
duo fuin ti
caupluin tanta
desacredi tando nisso

liss for Int

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Movimento dos sem Movimento

Propaganda da Indústria do Mercado do Comércio do Consumo do Fetiche...

Parabéns você está sendo usado!



Cocapitalismo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

De homo sapiens --> homo logos --> hetero logos fractus

ho.mo.lo.ga.ção

ratificação dada pela autoridade superior e competente a certos atos acordados entre as partes de determinado processo, para que produzam efeitos jurídicos; tais efeitos se limitam aos atos que sejam objetos da homologação



ho.mo.lo.gar transitivo direto

Confirmar por sentença ou autoridade judicial ou administrativa; aprovar.
Conformar-se com.

Procurava homologar o que dissera.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PoArtivismo

Arti'vistas

[mercado de almas]
.
pares de falar
diz a besta mascarada
quer nos reificar
com toda essa incoerência mundana
...ainda posso pensar


não vistas as vendas!
ninguém precisa acreditar nessa armação ilimitada de limitações desalmadas.
anti-plutocracia reverbero poli-eco CIRCO-LAR!

ECOAECOAECOAECOAECOAECOAE...


Alissa-Go







Plus sobre a demonicracia do capetalismo aqui

Meus Heróis não morreram de overdose!


ZUMBI, ZAPATA , GUEVARA, BOLIVAR...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Charles Chaplin - Tempos Modernos:







parte 1

parte 2

parte 3

parte 4

parte 5

parte 6

parte 7

parte 8

final



Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então, você trabalha 40 anos até ficar jovem o bastante para poder aproveitar sua aposentadoria. Aí, você curte tudo, bebe bastante álcool,faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para o colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta ao útero da mãe e passa seus nove meses de vida flutuando... E, termina tudo isso com um orgasmo! Não seria perfeito?
Chaplin




sábado, 6 de fevereiro de 2010

Armando-se "Taichichuanamente"


Lamento ver a apatia social construída por um esquema muito bem pensado.
é pena deixarmos vulgarizar conceitos como holos, política, ecologia, saúde, manipulação, corrupção...

Me surpreende tanta ambiguidade e sei que não posso esperar nada dos outros, mas entendi que a lógica do ser humano é a interação criativa. se tivermos que lutar com armas que seja a arma zen, a arte e a colaboração.

P`Liss

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Arlequin Desalien

..:´:..

Sag(r)acidade é então viver,
Poesia que pulsa em sinais de fumaça.
(Liss)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Náusea

UIA!
Sinistro...
no limiar da loucura com a clarividência.
Um local de realeza
Modestas ordens,
Simétricas desordens
Real enigma.
Me resta ser regente
Nesta orquestra
Antes que a música acabe.
Salvem-se quem puder!

(Alissa Gottfried)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cruzes


'T'................ ver'T'ical ~ Ver-te

....................O Vértice

....................Que verte

....................O encontro (local em comum)


'H'.................horizontal ~ a Aliança

......................Ver-se nos outros


'Z'.................diagonal ~ Diálogo

....................Dá o toque dos

....................Universos paralelos



Uma questão de direcionamento de espelhos.


(Alissa Gott)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

LERO-LERO

O coração que você disse que eu roubei
Só tinha pegado emprestado pra fazer o link rei
Agora a gente pinta eles de beatnik furtacor
Desobedecendo os limites espaço-temporais ;)
não da forma ideal mas aproveitando uma das virtudes da era da quimera, a onipresença virtual!

alissa
Quanto mais de frente os espelhos se refletem mais profundo é o mergulho!





segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

.~

Quando a Ariadne virou Garatuja, zôou ate^ir bem auto no chão...
Agora, anonimata tua revolta de bumerangue e revisa aí os bens que o chão nem sempre tá pra nós - o mapa desse cristal de rocha está no epicentro da casa em cima do pescoço.
e daí a teia volta e dai MANIFESTA%LOGA na super-gente e dai a manhã e amanhã está na taça do agora.

Céu central atômico, núcleo estre][lado de cá........oi, oi!? olha eu aqui!
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmLLLn ONde?


AQUI...............AQUI lllllllllllllllllllllllllllO LÁ DIZ QUE É AQUI!
çççççççç...l
çççççççç...l
çççççççç...l
ççççç....AQUI ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~LÁ QUEM?
ççççççç
ççççççççç
çççççççççççlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllLÁ EM MIM
çççççççççççç
çççççççççççççç
ççççççççççççççç
çççççççççççççççlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllLLLLLLlllllllLOGO A FONTE...
çççççççççççççlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll...Não afoga ninguém !
ççççççççççççççl
çççççççççççççççllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll lll lllllllll
çççççççççççççç
ççççççççççççç
ççççççççççççç
çççççççççççççç
ççççççççççççççç
ççççççççççççççççç ~)Lan Login} *
ççççççççççççç
çççççççççççç
çççççççççççççç

sábado, 30 de janeiro de 2010

Anarcodecretos

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Thiago de Mello

Santiago do Chile, Abril de 1964

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

RPG Ecologístico

Mirá vos>
Estou desenvolvendo um jogo de RPG que tem como ambientalização o mundo hoje:
Características do jogo:

Uma sociedade planetária ligada através do Eco Centro que tem sua sede na web, unida pelo objetivo de incentivar e respeitar a elaboração da auto-significação e das buscas mais significativas de cada associado, através de uma cultura ecológistica (opoio mútuo e ecológico).

O jogo busca trabalhar com as noções de ecologia pessoal, social e ambiental além de estimular pesquisas históricas e culturais na web.

Mais informações:

http://rpgecologistico.blogspot.com/

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ter Consciência para ter Coragem...

"Ser revolucionário significa pensar que o conteúdo essencial da revolução será dado pela atividade criadora, original e imprevisível das massas e agir por si mesmo a partir de uma análise racional do presente"
Cornélius Castoriadis

"É PRECISO SUGAR DA ARTE
UM NOVO TIPO DE ARTISTA: O ARTISTA CIDADÃO.
AQUELE QUE NA SUA ARTE
NÃO REVOLUCIONA O MUNDO,
MAS TAMBÉM NÃO COMPACTUA COM
A MEDIOCRIDADE
QUE IMBECILIZA UM POVO
DESPROVIDO DE OPORTUNIDADES.
UM ARTISTA A SERVIÇO DA COMUNIDADE, DO PAÍS.
QUE ARMADO DA VERDADE, POR SI SÓ,
EXERCITA A REVOLUÇÃO."
Anonimus

domingo, 24 de janeiro de 2010

"A amizade é o melhor remédio"

Hunter "Patch" Adams (nascido em 28 de maio de 1945 em Washington, distrito de Columbia) é um médico norte-americano famoso por sua metodologia inusitada no tratamento a enfermos. Também fundou o Instituto Gesundheit em 1972. Patch Adams é formado pela Virginia Medical University. Em um programa de entrevistas na televisão brasileira (Roda Viva), em 2007, Patch Adams afirmou que nunca disse que "rir é o melhor remédio", e sim que o riso "faz parte de um contexto", na verdade, seu lema era "a amizade é o melhor remédio". Renegou o filme "Patch Adams" de Tom Shadyac, dizendo que ele não condiz com a verdade; criticou o Governo Americano, a quem chamou de "Terrorista", assim como as industrias de medicamentos, que só visam os lucros bilionários. Sua filosofia de vida é o amor, não

apenas no âmbito hospitalar, mas em nossas relações sociais como um todo, independente de lugar. Tem por opinião que o objetivo do médico não é curar e sim cuidar.



Aos 16 anos de idade, após perder um tio e ter sido deixado pela namorada, vivenciou uma grave crise depressiva e foi internado numa clínica psiquiátrica. Lá chegou à conclusão que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente amor. Nos anos 60, um de seus melhores amigos (e não sua namorada como visto no filme) foi assassinado. Dois anos depois, ingressa na faculdade de medicina de Virginia, onde se tornou conhecido pela sua conduta excessivamente feliz e apaixonada pelos pacientes. Ao término da faculdade, em 1972, fundou o Instituto Gesundheit. Em 1980 adquiriu 317 acres de terra montanhosa em West Virgínia para a implementação física do instituto, o qual presta assistência sem nenhum tipo de cobrança financeira.

Convencido da conexão poderosa entre o ambiente e o bem estar, acredita que a saúde de um indivíduo não pode ser separada da saúde da família, da comunidade e do mundo.

Atualmente Patch e sua trupe de palhaços viajam pelo mundo para áreas críticas em situação de guerra, pobreza e epidemia, espalhando alegria, o que é uma excelente forma de prevenir e tratar muitas doenças. Além de médico, humorista, humanista e intelectual, Patch é também um ativista em busca da paz mundial. Segundo ele, seu intuito não é apenas mudar, através do humor, a forma como a medicina é praticada hoje. Patch traz uma mensagem de amor ao próximo que, se praticada por todos nós, certamente irá mudar o mundo para melhor. O filme mostra os conflitos que a medicina apresentava na época e continua ainda nos dias de hoje, apesar da sementa implantda.

Patch Adams também é autor de dois livros: “House Calls: how we can heal the world a visit at time” e “Gesundheit!: Good Health is a Laughter Matter ”.

fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patch_Adams

sábado, 23 de janeiro de 2010

AUTOPOIESE, CULTURA E SOCIEDADE


Humberto Mariotti

A noção de autopoiese já ultrapassou em muito o domínio da biologia. Hoje, ela é utilizada em campos tão diversos como a sociologia, a psicoterapia, a administração, a antropologia, a cultura organizacional e muitos outros. Essa circunstância transformou-a num importante instrumento de investigação da realidade.

Há tempos, seus criadores, os cientistas chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela, propuseram a seguinte questão: até que ponto a fenomenologia social pode ser considerada uma fenomenologia biológica? Este ensaio procura respondê-la, ou pelo menos encaminhá-la. Antes disso, porém, é necessário resumir alguns dos conceitos básicos desenvolvidos por esses dois autores.

Autopoiese
Poiesis é um termo grego que significa produção. Autopoiese quer dizer autoprodução. A palavra surgiu pela primeira vez na literatura internacional em 1974, num artigo publicado por Varela, Maturana e Uribe, para definir os seres vivos como sistemas que produzem continuamente a si mesmos. Esses sistemas são autopoiéticos por definição, porque recompõem continuamente os seus componentes desgastados. Pode-se concluir, portanto, que um sistema autopoiético é ao mesmo tempo produtor e produto.

Para Maturana, o termo "autopoiese" traduz o que ele chamou de "centro da dinâmica constitutiva dos seres vivos". Para exercê-la de modo autônomo, eles precisam recorrer a recursos do meio ambiente. Em outros termos, são ao mesmo tempo autônomos e dependentes. Trata-se, pois, de um paradoxo. Essa condição paradoxal não pode ser adequadamente entendida pelo pensamento linear, para o qual tudo se reduz à binariedade do sim/não, do ou/ou. Diante de seres vivos, coisas ou eventos, o raciocínio linear analisa as partes separadas, sem empenhar-se na busca das relações dinâmicas entre elas. O paradoxo autonomia-dependência dos sistemas vivos é melhor compreendido por um sistema de pensamento que englobe o raciocínio sistêmico (que examina as relações dinâmicas entre as partes) e o linear. Eis o pensamento complexo, modelo proposto por Edgar Morin.

Maturana e Varela utilizaram uma metáfora didática para falar dos sistemas autopoiéticos que vale a pena reproduzir aqui. Para eles, trata-se de máquinas que produzem a si próprias. Nenhuma outra espécie de máquina é capaz de fazer isso: todas elas produzem sempre algo diferente de si mesmas. Sendo os sistemas autopoiéticos a um só tempo produtores e produtos, pode-se também dizer que eles são circulares, ou seja, funcionam em termos de circularidade produtiva. Para Maturana, enquanto não entendermos o caráter sistêmico da célula, não conseguiremos compreender adequadamente os organismos.

Reafirmo que esse entendimento só pode ser satisfatoriamente proporcionado por meio do pensamento complexo. No entanto, vivemos em uma cultura profundamente formatada pelo pensamento linear. Esse fato tem resultado em conseqüências importantes, algumas delas muito graves, como veremos a seguir.


plus:

click aqui

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Texto inédito preparatório para o III Colóquio Internacional de Teoria Crítica: A Crise do Trabalho Abstrato, Buenos Aires, Novembro/2007

A crise do trabalho abstrato*

www.herramienta.com.ar.

John Holloway**


O movimento do trabalho abstrato fica preso em uma prisão conceitual e organizativa que efetivamente sufoca qualquer aspiração revolucionária.
...
O movimento do fazer útil contra o trabalho abstrato sempre existiu como corrente subterrânea e subversiva no-contra-e-mais-além do movimento operário. Já que o fazer útil é simplesmente a riqueza enorme da criatividade humana, o movimento tende a ser algo caótico e fragmentado, um movimento de movimentos lutando por um mundo de muitos mundos.
...
Já que o movimento do fazer útil é o impulso para a criatividade socialmente autodeterminante, suas formas de organização são tipicamente anti-verticais e orientadas para a participação ativa de todos. Esta é a tradição conselhista ou assembleísta que sempre se opôs à tradição estadocêntrica e partidocêntrica dentro do movimento anticapitalista.
...
7.
O trabalho abstrato está em crise. Nós (o fazer útil-criativo) somos esta crise.

a) O fazer útil é a crise permanente do trabalho abstrato. A existência do capital é uma luta constante para conter o fazer dentro do trabalho abstrato, mas o fazer sempre transborda.

b) Existe agora uma crise do trabalho abstrato em um sentido agudo.

A crise está vinculada com a crise do fordismo, uma forma especialmente intensa da abstração do trabalho. A crise do fordismo é o fracasso da abstração do fazer em trabalho.

c) A crise é uma intensificação da luta. A luta do capital para re-impor a abstração do trabalho pode ser entendida como neoliberalismo, pós-fordismo, pós-modernismo, mas a crise segue aberta. A luta contra o capital se debilita se seguimos pensando em termos das velhas categorias derivadas da luta do trabalho abstrato. A única forma de entender a luta anticapitalista agora é como a luta do fazer contra o trabalho.

8.
Perguntando caminhamos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

EL TOPO






Produced by: Abkco films
Language: Spanish
Runtime: Mexico: 125 mins.
Sound Mix: Mono

Directed by
Alejandro Jodorowsky














http://festapirateada.blogspot.com

Ainda Piva

Poema Porrada

Eu estou farto de muita coisa
não me transformarei em subúrbio
não serei uma válvula sonora
não serei paz
eu quero a destruição de tudo que é frágil:
____cristãos fábricas palácios
____juízes patrões e operários
uma noite destruída cobre os dois sexos
minha alma sapateia feito louca
um tiro de máuser atravessa o tímpano de
____duas centopéias
o universo é cuspido pelo cu sangrento
____de um Deus-Cadela
as vísceras se comovem
eu preciso dissipar o encanto do meu velho
____esqueleto
eu preciso esquecer que existo
mariposas perfuram o céu de cimento
eu me entrincheiro no Arco-Íris
Ah voltar de novo à janela
____perder o olhar nos telhados como
____se fossem o Universo
o girassol de Oscar Wilde entardece sobre os tetos
eu preciso partir um dia para muito longe
o mundo exterior tem pressa demais para mim
São Paulo e a Rússia não podem parar
quando eu ia ao colégio Deus tapava os ouvidos para mim?
a Morte olha-me da parede pelos olhos apodrecidos
____de Modigliani
eu gostaria de incendiar os pentelhos de Modigliani
minha alma louca aponta para aLua
vi os professores e seus cálculos discretos ocupando
____o mundo do espírito
vi criancinhas vomitando nos radiadores
vi canetas dementes hortas tampas de privada
abro os olhos as nuvens tornam-se mais duras
trago o mundo na orelha como um brinco imenso
a loucura é um espelho na manhã de pássaros sem Fôlego

Abaixo, segue alguns poemas do poeta Roberto Piva:

LIBELO

Não mais trarei justificações
Aos olhos do mundo.
Serei incluído
” Pormenor Esboçado ”
Na grande bruma.
Não serei batizado,
Não serei crismado,
Não estarei doutorado,
Não serei domesticado
Pelos rebanhos
Da terra.
Morrerei inocente
Sem nunca ter
Descoberto
O que há de bem e mal
De falso ou certo
No que vi.

(in: Antologia dos Novíssimos, 1961)

Eu vi os anjos de Sodoma escalando
um monte até o céu
E suas asas destruídas pelo fogo
abanavam o ar da tarde
Eu vi os anjos de Sodoma semeando
prodígios para a criação não
perder o ritmo de harpas
Eu vi os anjos de Sodoma lambendo
as feridas dos que morreram sem
alarde, dos suplicantes, dos suicidas
e dos jovens mortos
Eu vi os anjos de Sodoma crescendo
com o fogo e de suas bocas saltavam
medusas cegas
Eu vi os anjos de Sodoma desgrenhados e
violentos aniquilando os mercadores,
roubando o sono das virgens,
criando palavras turbulentas
Eu vi os anjos de Sodoma inventando a
loucura e o arrependimento de Deus

(in: Paranóia, 1963)

XVI

abandonar tudo. conhecer praias. amores novos.
poesia em cascatas floridas com aranhas
azuladas nas samambaias.
todo trabalhador é escravo. toda autoridade
é cômica. fazer da anarquia um
método & modo de visa. estradas.
bocas perfumadas. cervejas tomadas
nos acampamentos. Sonhar Alto.

(in: 20 Poemas com Brócoli, 1981)

ALMA FECAL
Alma fecal contra a ditadura da ciência
Rua dos longos punhais
Garoto fascista belo como a grande noite esquimó
Clube do fogo do inferno: Alquimistas Xamãs
Beatniks
Je vois l’arbre à la langue rouge (Michaux)
Templo
Procissão do falo sagrado
Deuses contemplam nas trevas o sexo
do anjo do Tobogã
Felizes & famélicos garotos seminus dançam
como bibelôs ferozes
Pedras com suas bocas de seda
Partindo para uma existência invisível
Tudo que chamam de história é meu plano
de fuga da civilização de vocês
Represa de Mariporã. 95
(in Ciclines, 1997)

Ritual dos 4 Ventos & dos 4 Gaviões
para Marco Antônio de Ossain

“Eu trago comigo os guardiões
dos Circuitos celestes.”

- Livro dos Mortos do Antigo Egito -

Ali onde o gavião do Norte resplandesce
sua sombra
Ali onde a aventura conserva os cascos
do vudú da aurora
Ali onde o arco-íris da linguagem está
carregado de vinho subterrâneo
Ali onde os orixás dançam na velocidade
dos puros vegetais
Revoada das pedras do rio
Olhos no circuito da Ursa Maior
na investida louca
Olhos de metabolismo floral
Almofadas de floresta
Focinho silencioso da sussuarana com
passos de sabotagem
Carne rica de Exú nas couraças da noite
Gavião-preto do oeste na tempestade sagrada
Incendiando seu crânio no frenesi das açucenas
Bate o tambor
no ritmo dos sonhos espantosos
no ritmo dos naufrágios
no ritmo dos adolescentes
à porta dos hospícios
no ritmo do rebanho de atabaques
Bate o tambor
no ritmo das oferendas sepulcrais
no ritmo da levitação alquímica
no ritmo da paranóia de Júpiter
Caciques orgiásticos do tambor
Com meu Skate-gavião
Tambor na virada do século ganimedes
Iemanjá com seus cabelos de espuma.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Carnaval no Uruguai

A murga uruguaia é um gênero de teatro musical que consiste em um coro de 13 a 15 pessoas que, acompanhadas por uma bateria, entoam canções e realizam cenas musicais cujo tema principal se desenrola em torno dos acontecimentos políticos e sociais do ano. Chegou ao Uruguai trazido da Espanha por um grupo de zarzuela (Gênero lírico-dramático espanhol, em que se alternam textos, canto e dança), um grupo de espanhóis que formou a murga La Gaditana, para sair nas ruas cantando e pedindo dinheiro.

No ano seguinte, um grupo do carnaval uruguaio com o nome de Murga La Gaditana que se va saiu às ruas para parodiar o que os espanhóis tinham feito no ano anterior. A partir deste momento, a palavra murga passou a ser o nome destes grupos de rua. Durante os anos seguintes, a murga foi evoluindo tanto na música como nos textos; foram colocados elementos do candombe e muitos outros ritmos foram adaptados à bateria da murga, apresentando então uma nova sonoridade.

O carnaval no Uruguai se diferencia dos desfiles carnavalescos do resto do mundo; é um grande festival de teatro ao ar livre que dura 40 dias e congrega milhares de pessoas.

Como parte deste evento, há uma competição ao ar livre, chamada Teatro de Verão, para premiar o grupo com melhor texto, música, fantasias e maquiagem; palcos são espalhados por vários bairros não só de Montevidéu, mas de todo o país para que o povo e os turistas possam aplaudir as atuações que cada murga preparou durante todo o ano.

Fonte da imagem: http://es.wikipedia.org/wiki/Murga


Murga uruguaya haciendo burla a hugo chavez:

http://www.youtube.com/watch?v=1gh4Ewes2GA

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Imagem do Silêncio





















Guardador de Rabanhos


XXXIII - Pobres das Flores

Pobres das flores dos canteiros dos jardins regulares.
Parecem ter medo da polícia...
Mas tão boas que florescem do mesmo modo
E têm o mesmo sorriso antigo
Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem
Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente
Para ver se elas falavam...

XL - Passa uma Borboleta

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

XXX - Se Quiserem que Eu Tenha um Misticismo

Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o.
Sou místico, mas só com o corpo.
A minha alma é simples e não pensa.

O meu misticismo é não querer saber.
É viver e não pensar nisso.

Não sei o que é a Natureza: canto-a.
Vivo no cimo dum outeiro
Numa casa caiada e sozinha,



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Navegar é Preciso



















Fernando Pessoa

Navegar é Preciso


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

[Nota de SF
"Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fractais

Fractais (do latim fractus, fração, quebrado) são figuras da geometria não-Euclidiana.

A geometria fractal é o ramo da matemática que estuda as propriedades e comportamento dos fractais. Descreve muitas situações que não podem ser explicadas facilmente pela geometria clássica, e foram aplicadas em ciência, tecnologia e arte gerada por computador. As raízes conceituais dos fractais remontam a tentativas de medir o tamanho de objetos para os quais as definições tradicionais baseadas na geometria euclidiana falham.

Um fractal (anteriormente conhecido como curva monstro) é um objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Diz-se que os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente auto-similares e independem de escala. Em muitos casos um fractal pode ser gerado por um padrão repetido, tipicamente um processo recorrente ou iterativo.

O termo foi criado em 1975 por Benoît Mandelbrot, matemático francês nascido na Polónia, que descobriu a geometria fractal na década de 70 do século XX, a partir do adjetivo latino fractus, do verbo frangere, que significa quebrar.

Conjunto de Mandelbrot

Conjunto de Mandelbrot

Categorias de fractais

A conjunto inteiro de Mandelbrot
Ampliado 4x
Ampliado 30x
Zoomed 350x Aumento de 350 vezes do conjunto de Mandelbrot mostra os pequenos detalhes repetindo o conjunto inteiro.

Os fractais podem ser agrupados em três categorias principais. Estas categorias são determinadas pelo modo como o fractal é formado ou gerado:

Ainda, também podem ser classificados de acordo com sua auto-similaridade. Existem três tipos de auto-similaridade encontrados em fractais:

  • Auto-similaridade exata: é a forma em que a auto-similaridade é mais marcante, evidente. O fractal é idêntico em diferentes escalas. Fractais gerados por sistemas de funções iterativas geralmente apresentam uma auto-similaridade exata.
  • Quase-auto-similaridade: é uma forma mais solta de auto-similaridade. O fractal aparenta ser aproximadamente (mas não exatamente) idêntico em escalas diferentes. Fractais quase-auto-similares contém pequenas cópias do fractal inteiro de maneira distorcida ou degenerada. Fractais definidos por relações de recorrência são geralmente quase-auto-similares, mas não exatamente auto-similares.
  • Auto-similaridade estatística: é a forma menos evidente de auto-similaridade. O fractal possui medidas númericas ou estatísticas que são preservadas em diferentes escalas. As definições de fractais geralmente implicam em alguma forma de auto-similaridade estatística (mesmo a dimensão fractal é uma medida numérica preservada em diferentes escalas). Fractais aleatórios são exemplos de fractais que possuem auto-similaridade estatística, mas não são exatamente nem quase auto-similares.

Entretanto, nem todos os objetos auto-similares são considerados fractais. Uma linha real (uma linha reta Euclidiana), por exemplo, é exatamente auto-similar, mas o argumento de que objetos Euclidianos são fractais é defendido por poucos. Mandelbrot argumentava que a definição de fractal deveria incluir não apenas fractais “verdadeiros” mas também objetos Euclidianos tradicionais, pois números irracionais em uma linha real representam propriedades complexas e não repetitivas.

Pelo fato do fractal possuir uma granulometria infinita, nenhum objeto natural pode sê-lo. Os objetos naturais podem exibir uma estrutura semelhante ao fractal, porém com uma estrutura de tamanho limitado.

Computação de um feto (samambaia)

Feto fractal

Um feto fractal pode ser gerado usando um sistema de funções iteradas começando com um ponto na origem (x_0 = 0, y_0 \ge 0) e determinando iterativamente novos pontos a partir do resultado da aplicação aleatória de uma de 4 diferentes transformações de coordenadas:

\begin{cases} x_{n+1} =0 \\ y_{n+1}= 0.16 y_n \end{cases}

Esta transformação, que é realizada apenas 1% das vezes, mapeia qualquer ponto para um ponto no segmento de recta mostrado a verde na figura.

\begin{cases} x_{n+1} =0.2x_n - 0.26y_n \\ y_{n+1}= 0.23x_n + 0.22y_n + 1.6 \end{cases}

Esta transformação, que é realizada apenas 7% das vezes, mapeia qualquer ponto dentro do rectângulo preto para um ponto dentro do rectângulo vermelho na figura.

\begin{cases} x_{n+1} = -0.15x_n + 0.28y_n \\ y_{n+1} = 0.26x_n + 0.24y_n + 0.44 \end{cases}

Esta transformação, que é realizada apenas 7% das vezes, mapeia qualquer ponto dentro do rectângulo preto para um ponto dentro do rectângulo azul escuro na figura.

\begin{cases} x_{n+1} =0.85x_n + 0.04y_n \\ y_{n+1}= -0.004x_n + 0.85y_n + 1.6 \end{cases}

Esta transformação, que é realizada 85% das vezes, mapeia qualquer ponto dentro do rectângulo preto para um ponto dentro do rectângulo azul claro na figura.

A primeira transformações de coordenadas desenha o caule. A segunda, desenha a primeira folha da esquerda do feto. A terceira, desenha a primeira folha da direita do feto. E a quarta gera cópias sucessivas e garante que o todo é uma réplica maior de cada folha.

A soma dos olhares levará os galhos a balançarem

caixa de pandora